20/01/2011

O Agitador das Águas – Jo 5.1-16

1. Deus pode não estar lá – VS. 1

“Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.”

O Velho Testamento mostra que Deus estabeleceu como uma forma do seu povo se relacionar com Ele, uma série de Festas:

  • Páscoa
  • Pentecostes
  • Trombetas
  • Tabernáculos
  • Yom Kippur
  • Purim
  • Águas
  • Luzes; e outras mais.

E o que todas estas festas tinham em comum? Eram festas religiosas, logo, sempre estava em foco a adoração a Deus ou a celebração por algum feito d’Ele em relação ao seu povo. Mas observe algo interessante. Vamos tomar por base apenas uma das festas, a principal delas, a Páscoa. Sumariamente podemos resumir esta festa como um manual básico da redenção, afinal, nela podemos contemplar todo o plano de salvação e nela temos a figura central da redenção – O Cordeiro de Deus. Mas quando veio o verdadeiro cordeiro que tira o pecado do mundo, aqueles que deveriam reconhecê-lo, estavam totalmente cegos para o que Deus estava realizando nos seus dias.

Não adianta fazer coisas para Deus, se:

Primeiro, não atentarmos para o verdadeiro sentido do que está sendo feito. Podemos simplesmente estar repetindo coisas como papagaios e perder a essência da presença de Deus. Os judeus perderam isto ao não perceber que a festa que haviam celebrado tantos anos era uma festa profética e que chegara o momento da mesma tornar-se realizada em suas vidas.

Segundo, podemos estar realizando uma festa e Deus não estar presente nela. Isto é uma lição que deve permanecer em nossas mentes cada vez que entrarmos em nossas igrejas, cada vez que entrarmos na escola bíblica, enfim, cada vez que realizarmos qualquer coisa para ou em nome de Deus.

Como eles poderiam estar realizando uma festa religiosa que poderia ser até mesmos a Páscoa e não saber que entre eles estava o Deus encarnado? Como podemos nós ter deixado os nossos lares, ir a uma Igreja e não observamos a presença santa do Pai? Não porque a igreja tenha algo diferente, seja santo ou algo assim, porque não é. O que a torna este lugar especial é a nossa presença, trazendo conosco a presença de Deus.

2. A Festa é para todos – vs. 2

“Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados…”

Outro aspecto interessante que podemos observar entre os judeus é que aqueles que estavam acometidos de alguns males ou imperfeições eram segregados do convívio social. Podemos observar isto em relação aos leprosos, à mulher do fluxo de sangue, aos cobradores de impostos e tantos outros. Enquanto a cidade fervilhava com os todos os residentes e estrangeiros que vieram para participar da festa, havia aqueles que estavam impedidos de participar da mesma. Não eram convidados. Não eram dignos.

Em nossas igrejas celebramos a Deus, porém, milhares de pessoas estão ao nosso redor o tempo todo e na maioria das vezes sequer cogitamos a idéia de trazê-los para a festa. Quantas oportunidades perdemos somente esta semana de convidar alguém, de falar do amor de Deus, de falar do Evangelho. A questão não é a pessoa vir ou não vir, a questão é fazer o convite, é falar do amor de Deus para ela. Quando lançamos uma semente na terra, esta germinará no tempo certo.

3. Deus ama a todos – vs. 3,4

“…esperando o movimento da água. Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.”

Betesda significa CASA DA MISERICÓRDIA e o que acontece ali é uma lição que os filhos de Deus devem aprender. Deus estende a sua misericórdia mesmo para aqueles que não estão na festa. Neste exato momento Deus está preservando vidas, livrando algumas pessoas e mesmo curando outras. Tenha certeza disso, é inerente à sua misericórdia, afinal não é isto o que pedimos em nossas orações quando colocamos as mãos sobre livros de pedidos, peças de roupa e outras coisas? O problema é que nestas circunstâncias Deus não tem como manifestar-se plenamente na vida deles.

Eles estão em situações difíceis, sofrendo muito às vezes e precisam ser tirados daquele contexto para que entrem num relacionamento com Deus.

4. Manifestações do poder de Deus x Manifestações de Deus

Outro ponto importante a ser observado aqui é que muitas vezes gastamos o nosso tempo esperando manifestações do poder Deus, quando deveríamos buscar manifestações do próprio Deus em nossas vidas. Aquelas pessoas que ficaram ao redor do tanque não tinham relacionamento com Deus, logo somente podiam depender da misericórdia d’Ele. Homens e mulheres que se relacionam com Deus não dependem mais somente da misericórdia, a sua relação é de amor. As curas, as provisões, os milagres, são importantes e necessários em nossas vidas, porém, são apenas manifestações do poder Deus. Existe algo maior. Não podemos, por causa das circunstâncias, e muitos experimentam severas dificuldades, deixar de experimentar algo mais profundo em relação a Deus. Se nos comportarmos assim corremos um grande risco, o risco de não perceber a presença de Deus, uma visitação do próprio Cristo. Quando ficamos olhando para os sinais, não percebemos a presença do Agitador de Águas. Mas os que estavam ao redor do tanque percebiam as águas agitadas, você pode pensar. Sim, de fato, porém, pergunto: quem agitava as águas? Um anjo, certo? Veja o que o autor de Hebreus fala acerca dos anjos:

“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. Ora, quanto aos anjos, diz: Quem de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo. Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?” – Hb. 5.5-7,14

Quem dá ordens aos anjos? O anjo que agitava as águas, o fazia sob as ordens de Jesus, sob as ordens de Deus, ou seja, o Agitador das Águas é o próprio Deus, o próprio Jesus. Quem é maior, o que agita ou o que manda agitar as águas? Enquanto a maioria olhava para uma manifestação do poder de Deus, aquele paralítico recebia a visitação do próprio Deus encarnado em Cristo.

5. Subindo um nível em nossa busca diária – vs. 5

“Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.”

No início do texto lemos que havia muitas pessoas naquele tanque. No entanto, a atenção de Jesus se volta apenas para um homem. Por que, no meio de tantos, apenas um chama a atenção de Jesus? Existe uma coisa que move a mão de Deus em relação ao homem: o seu coração. Deus conhece os que não estão em busca apenas de sinais, que, se tiverem uma oportunidade, desejarão ir além de uma cura, de uma provisão, de um milagre. Jesus subiu a festa, porém, sua atenção se deteve entre os excluídos. Jesus está aqui, mas sua atenção está voltada para os que neste momento estão excluídos da sociedade e da vida espiritual. Se não tomarmos cuidado, é mais fácil neste momento Ele socorrer um de fora, do que nós que estamos aqui.

6. Conhece a todas as situações – vs. 6

“Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?”

Deus não age sem convite, Jesus puxa uma prosa com aquele homem. Queres ficar são? Existem pessoas que gostam da situação calamitosa na qual vivem. Existem pessoas que não querem mudar a sua história. Existem pessoas que se acomodaram as circunstâncias. Tem alguma coisa estragada ou quebrada na sua casa? Tem alguma parece mofada? Uma torneira pingando? Um canto da parede quebrado? Uma mancha no teto que poderia ser facilmente removida? Normalmente tem. E não fazemos nada! Acomodamos e nem sempre é por falta de recursos, mas absoluta inércia. O mesmo acontece com doenças e problemas. A pergunta de Jesus estava verificando as disposições de ânimo daquele homem.

7. A difícil arte de viver sozinho - vs. 7

“Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.”

Não tenho ninguém…Esta é a grande causa de muitos não alcançarem uma mudança em suas vidas e circunstâncias: não ter ninguém para ajudar. Ajudar aquele homem era algo complicado. Veja o que diz: Não tem ninguém que ponha no tanque. Logo, era necessário alguém que literalmente o carregasse no colo e o introduzisse nas águas. O que seria necessário para isto?

  • Tempo – alguém teria que dispender tempo ao lado dele;
  • Percepção espiritual – alguém teria que estar apto a discernir a hora de introduzi-lo no tanque;
  • Força – uma pessoa fraca não poderia carregar aquele homem. Era necessária força e esta força poderia ser a soma de mais pessoas dispostas a ajudar.

Podemos ajudar pessoas por meio das manifestações do poder de Deus, mas isto exige muito de nós e a maioria de nós, às vezes, falhamos logo de cara no primeiro item – tempo. Mas, se apresentar Jesus a esta pessoa, Ele pode fazer isto de forma muito mais simples.

8. A presença de Deus é muito mais eficaz que a manifestação do seu poder – vs. 8,9

“Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.”

Quando falamos com Jesus e não apenas ficamos esperando e olhando para os sinais, a resposta para o que buscamos é muito mais rápida. É uma pena que a maioria dos filhos de Deus hoje sejam “mendigos espirituais”. “Uma bencinha pelo amor Deus”,”uma oraçãozinha para um cego espiritual”. Parece piada, mas infelizmente é a realidade da maioria.

9. A cegueira espiritual nos leva a criticar o que Deus faz – vs. 10

“Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.”

Corremos um risco enorme em nossa vida espiritual quando nos fechamos para entender a vontade de Deus, quando temos apenas uma vida cristã superficial. Podemos até mesmo questionar o que Deus está realizando e interpretar como algo que vai contra o que cremos.

10. Devemos obedecer a Deus – vs. 11

“Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.”

Quando Jesus nos manda fazer algo e temos convicção que realmente foi Ele que falou conosco, não podemos hesitar. Devemos agir conforme suas palavras mesmo diante das críticas dos “religiosos”, daqueles que desconhecem o que Deus está realizando em nossas vidas. Observe que os judeus sequer fizeram menção ao fato de que aquele homem com quem estavam falando, até pouco tempo atrás era um inválido.

11. Crescendo no conhecimento de Jesus – vs. 12-16

“Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda? Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar. Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior. Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.”

No primeiro momento aquele homem não sabia quem era Aquele que o tinha curado. Mas observe onde Jesus o encontrou posteriormente – no Templo. Muitas pessoas, depois de abençoadas simplesmente desaparecem, como desapareceram muitos que foram curados por Jesus. Mas este homem passou a servir a Deus. Quando continuamos a servir a Deus, Ele se manifesta outras vezes em nossa vida e passamos a conhecê-lo pelo nome. O homem agora sabia o nome de Jesus. Certamente você hoje serve a Deus porque um dia, sem que você o conhecesse direito, Jesus mudou a sua vida.

Mas será que você já o conhece pelo nome? Ou será que ainda continua espiritualmente do mesmo jeito do primeiro dia que entrou na Igreja? Será que você já adotou uma prática de orar e ler a Bíblia ou ainda continua olhando somente para os sinais? Freqüentar a Igreja, participar das festas é muito bom. Mas Deus espera que você cresça e se desenvolva na sua presença.

Quero deixar algumas perguntas:

1. Quanto tempo de oração você gasta com Deus diariamente?

2. Quanto tempo você separa para a leitura bíblica?

3. Você tem uma Bíblia?

E note que aquele homem fez questão de falar quem era Aquele que o curara. Você tem feito questão de fazer isto no seu trabalho, na sua vizinhança, na sua escola? O Evangelho é algo maravilhoso, ele torna a nossa vida em festa. Não se feche às necessidades, traga-os para a festa, permita que Jesus use a sua vida para se apresentar a outros necessitados e assim, Ele mude também as vidas deles, tornando-os dignos de entrar na festa, principalmente na maior delas, cujo dia esperamos ansiosamente, cujo salão está sendo preparado desde a fundação do mundo.

Pr. Sinesio Carlos dos Santos

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